Em julho de 2025, durante a reunião anual de acionistas da Ubisoft, uma polêmica questão foi levantada sobre Assassin’s Creed Shadows, jogo lançado recentemente e que trouxe à tona debates intensos nas redes sociais sobre representatividade e narrativa histórica. Um acionista questionou diretamente o CEO Yves Guillemot sobre o uso do protagonista Yasuke, um samurai africano do século XVI, e se a Ubisoft estaria adotando uma agenda “woke” — termo usado pejorativamente para criticar esforços de inclusão e diversidade em produtos culturais[1][2].
O investidor mencionou que, além do personagem principal ser um africano em uma época e local historicamente japoneses, o enredo permite que o personagem se relacione romanticamente com um personagem transgênero, o que gerou controvérsia entre alguns públicos que acusam o jogo de forçar uma “agenda política de esquerda”[2]. Em resposta, Guillemot defendeu a escolha criativa, afirmando que a intenção da Ubisoft era apresentar personagens com jornadas heroicas únicas e diversificadas, sem se prender a estereótipos ou a uma visão histórica restrita[3].
Esse episódio reflete um conflito maior que atravessa a indústria dos games e o entretenimento em geral: o equilíbrio entre criatividade, diversidade e fidelidade histórica. Assassin’s Creed, conhecido por explorar diferentes períodos e culturas ao redor do mundo, tem frequentemente inovado na representação de personagens, o que nem sempre é unanimemente aceito. A presença de Yasuke é baseada em uma figura histórica real, um samurai africano que viveu no Japão do século XVI, embora detalhes exatos da vida dele permaneçam pouco documentados, o que deixa espaço para interpretação artística e inclusão de aspectos modernos e diversos[1][3].
Além da controvérsia “woke”, outra pauta levantada durante a mesma reunião foi a respeito da preservação dos jogos online mais antigos da Ubisoft e uma petição popular chamada “Stop Killing Games”, que critica as empresas por descontinuar servidores e funcionalidades, prejudicando comunidades de jogadores. Guillemot afirmou que a empresa está ativamente trabalhando para melhorar essa questão, mostrando uma preocupação com o engajamento contínuo dos fãs[3].
O sucesso comercial de Assassin’s Creed Shadows, que atraiu milhões de jogadores no lançamento, demonstra que apesar das polêmicas, o público está disposto a abraçar novas narrativas e representações inclusivas dentro do universo dos games. Isso reforça a importância da diversidade como parte das estratégias criativas e de mercado das desenvolvedoras nos dias atuais[1][4].
Assim, o debate em torno de Assassin’s Creed Shadows e a resposta da Ubisoft refletem um momento crucial da indústria, onde histórias mais plurais e heroínas e heróis fora dos padrões tradicionais ganham espaço, enquanto aguardam por uma contextualização que respeite as complexidades históricas e sociais, sem abrir mão da inovação narrativa.
