Um incrível artefato de aproximadamente 40 mil anos, esculpido na presa de um mamute-lanoso, foi descoberto na Caverna Obłazowa, no sul da Polônia, e está revolucionando o entendimento sobre as capacidades tecnológicas dos primeiros Homo sapiens na Europa durante o Paleolítico Superior. Este objeto é um bumerangue, um tipo de arma de arremesso que, ao contrário do bumerangue típico australiano que retorna ao lançador, não tinha essa característica, sendo usado para caça de pequenos e médios animais com eficiência.
O bumerangue mede cerca de 72 centímetros e tem uma forma de crescente com seção transversal plana-convexa, características muito semelhantes às das ferramentas usadas pelos aborígenes da Austrália atualmente. Essa descoberta não só representa o artefato deste tipo mais antigo já encontrado na Europa, como possivelmente o mais antigo do mundo, superando por muito a datação inicial que era de 18 mil anos, para agora um intervalo estimado entre 42.365 e 39.355 anos, graças a técnicas modernas de datação por radiocarbono e modelagem estatística.
Além da sua função prática, o bumerangue esculpido em marfim de mamute demonstra um alto grau de sofisticação técnica e conhecimento avançado na fabricação de ferramentas na pré-história, revelando que os caçadores da Idade do Gelo utilizavam materiais nobres e duráveis com maestria. Essa peça também foi encontrada junto a ossos humanos, pingentes confeccionados com presas de raposa e ferramentas de pedra, todos associados a pigmentações com ocre vermelho, o que sugere práticas simbólicas e talvez um significado social ou ritualístico para o objeto.
A utilização do marfim de mamute, uma matéria-prima difícil de trabalhar e valiosa, indica que o instrumento poderia representar mais do que uma simples arma de caça, talvez simbolizando status ou identidade cultural dentro dos grupos humanos antigos. O ambiente estável da caverna contribuiu para a sua preservação, fato raro para objetos dessa época, geralmente frágeis e sujeitos a se perder com o tempo.
Esta descoberta abre novas perspectivas para a arqueologia e o estudo das tecnologias paleolíticas, mostrando que os humanos modernos possuíam habilidades complexas e sofisticadas muito antes do que se acreditava, além de ampliar o conhecimento sobre as estratégias de subsistência e as práticas culturais dos primeiros europeus. Pesquisadores continuam investigando a caverna e seus achados para entender melhor o contexto cultural em que esse bumerangue foi utilizado, consolidando-o como um testemunho impressionante da engenhosidade humana numa era de grandes desafios climáticos e ambientais[1][3][5].
