Uma escola cristã infantil no Reino Unido gerou uma polêmica ao proibir que crianças cantassem músicas do sucesso “Guerreiras do K-Pop” (K-Pop Demon Hunters), popularizado pela Netflix, dentro das dependências escolares. A decisão foi motivada por preocupações de que as letras das músicas, que fazem referência a demônios, entrariam em conflito com a fé e os valores religiosos defendidos pela instituição. A Lilliput Church of England Infant School, localizada em Dorset, informou aos pais que queria respeitar a sensibilidade de famílias que consideram esses temas incompatíveis com sua crença religiosa, associando demônios a forças espirituais contrárias a Deus e à bondade.
Apesar da proibição, o diretor interino da escola, Lloyd Allington, esclareceu que o objetivo não é condenar o filme nem desautorizar o gosto das crianças pela obra, mas sim promover a tolerância religiosa e o respeito às diferentes crenças dentro da comunidade escolar. Ele destacou que a escola reconhece valores positivos nas músicas, como a promoção do trabalho em equipe e da bondade, e que a orientação é para que as crianças entendam a diversidade de opiniões entre seus colegas, sem julgamento ou exclusão[1].
Esse episódio no Reino Unido reflete um diálogo crescente entre cultura pop global e tradições religiosas locais, mostrando como obras de entretenimento multigeracionais podem provocar debates sobre fé, valores e convivência. “Guerreiras do K-Pop” tornou-se um fenômeno mundial, destacando a influência da cultura coreana e do K-pop nos públicos infantis e juvenis. No entanto, sua aparente temática sobrenatural gerou resistência em alguns grupos conservadores.
De forma mais ampla, episódios como esse ilustram os desafios que instituições educacionais enfrentam para equilibrar a promoção de diversidade cultural, respeito às diferenças religiosas e a proteção das crenças dos alunos. Em outros contextos, como no Brasil, existem também casos de tensão entre práticas escolares que abordam aspectos de cultura afro-brasileira, indígena e de religiões de matriz africana, e a reação contrária de famílias com visões divergentes, levando até à intervenção policial em ambiente escolar[2].
No cenário atual, é essencial que escolas adotem políticas claras e inclusivas, que promovam o diálogo inter-religioso e o respeito mútuo enquanto introduzem elementos culturais globais que fazem parte da formação das novas gerações. Ao mesmo tempo, é importante aproveitar as histórias e músicas que veiculam valores positivos como solidariedade, coragem, trabalho em equipe e empatia — características presentes no sucesso “Guerreiras do K-Pop”. Assim, a educação pode ser um espaço para aprender sobre diversidade cultural e espiritual de forma acolhedora e construtiva.
Em resumo, a proibição da escola inglesa não é um ataque ao conteúdo artístico, mas uma tentativa de equilibrar o respeito às crenças religiosas e a convivência pacífica entre crianças com diferentes valores, em meio à globalização cultural promovida pelo K-pop e suas expansões na mídia[1].
