Hideki Kamiya, criador de Bayonetta e renomado diretor de jogos, compartilhou reflexões importantes sobre o cancelamento de Scalebound, projeto ambicioso da PlatinumGames que misturava combate estilo Devil May Cry com controle de dragão. Segundo Kamiya, o desenvolvimento do jogo poderia ter seguido um rumo diferente se estivesse sob um publisher japonês ao invés de uma empresa ocidental como a Microsoft. Ele explicou que em seu país de origem os publishers tendem a ser mais pacientes e compreensivos com o processo criativo, oferecendo mais liberdade para inovação, enquanto no ocidente há uma maior pressão para entregar produtos rapidamente e seguir fórmulas consolidadas. Essa diferença cultural influenciou a relação entre estúdio e publisher, dificultando a concretização de Scalebound[2][3][6].
Kamiya reconhece que a responsabilidade pelo cancelamento recai sobre ele e a PlatinumGames, sem colocar culpa na Microsoft. Ele refletiu que as conversas durante o desenvolvimento com um publisher japonês talvez tivessem sido mais positivas, dando espaço para experimentações que Scalebound propunha — como a mecânica inovadora de controle simultâneo do protagonista humano e seu dragão[6][3].
Scalebound começou a ser desenvolvido em 2013, com Kamiya desejando explorar um experimento inédito para a PlatinumGames: mais foco em gráficos realistas e acessibilidade a novos jogadores, sem deixar de lado a qualidade do combate dinâmico já característico da produtora. O projeto teve origem ainda antes, como um jogo para Wii focado em dinossauros que acabou evoluindo para a proposta de RPG de ação com dragão que conhecemos, também trazendo um protagonista mais jovem e vulnerável, que usaria o dragão como proteção direta[4][5].
Apesar do cancelamento em 2017, Kamiya ainda demonstra orgulho pelo que foi criado e mantém o desejo de um dia retomar o projeto. Um tweet recente da sua nova equipe, Clovers Inc., mostra ele assistindo com entusiasmo a vídeos antigos de Scalebound, refletindo sobre a experiência com carinho e especulando sobre o futuro. Atualmente, Kamiya está focado em sequências de projetos como Okami 2, mas o legado e potencial de Scalebound seguem vivos em sua mente[1][6].
Em resumo, a história de Scalebound ilustra os desafios culturais e de comunicação entre desenvolvedores japoneses e publishers ocidentais, a importância de paciência e liberdade criativa para inovação em jogos, e o impacto que essas dinâmicas têm no desenvolvimento de projetos ambiciosos. A visão de Kamiya e seu compromisso em criar experiências inéditas continuam a influenciar o mercado, mostrando que mesmo projetos cancelados podem deixar lições valiosas e inspirar futuros trabalhos.
