Em outubro de 2017, um fenômeno atmosférico extraordinário foi registrado nos Estados Unidos: um mega relâmpago com impressionantes 829 quilômetros de extensão, o maior já documentado na história. Essa linha elétrica se estendeu do leste do Texas até os arredores de Kansas City, no Missouri, cobrindo praticamente a distância entre Paris e Veneza ou Curitiba e Rio de Janeiro[1][2][3].
O registro foi possível graças ao avanço tecnológico, especialmente ao satélite GOES-16 da NOAA, que em análises posteriores detectou e validou essa descarga elétrica de longa duração — 7,39 segundos — num sistema meteorológico convectivo extenso, caracterizado por correntes ascendentes potentes, com grande quantidade de gelo e água nas nuvens. Essas condições geram camadas carregadas horizontalmente, que quando se rompem, provocam descargas elétricas gigantescas e contínuas, conhecidas como mega-flashes ou mega-raios[1][2].
Para efeito de comparação, os raios comuns normalmente duram milésimos de segundos e têm percursos curtos, de até 16 quilômetros. Já um mega relâmpago, como esse recordista, pode durar vários segundos e percorrer centenas de quilômetros, fenômeno raro que ocorre em cerca de 1 a cada mil tempestades[1][2].
O recorde anterior desse tipo de descarga elétrica ocorreu em 2020, também nos EUA, com 768 km de extensão, superando um megaraio de 709 km registrado entre Brasil e Argentina em 2018. Vale destacar que o raio com maior duração registrado durou 17 segundos, também na região do Cone Sul, entre Uruguai e Argentina, evidenciando variações extraordinárias nos fenômenos de raios ao redor do mundo[2][4].
Além da impressionante magnitude científica, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) chama atenção para os riscos envolvidos: raios tão extensos podem afetar significativamente a segurança aérea e provocar incêndios florestais de grande escala. Esses eventos destacam a importância da tecnologia de satélites para monitoramento climático e a necessidade de políticas eficazes para mitigar os impactos de tempestades elétricas severas[1][3][5].
Esse novo recorde reforça como a natureza é capaz de produzir fenômenos surpreendentes que só agora, com tecnologia avançada, conseguimos observar e entender mais profundamente, ampliando nosso conhecimento sobre os extremos do clima global[1][5].
