Alan Weslley Games Noticias Ciência Missionários usam tecnologia para evangelizar indígenas isolados na Amazônia

Missionários usam tecnologia para evangelizar indígenas isolados na Amazônia

Missionários usam tecnologia para evangelizar indígenas isolados na Amazônia

Missionários usam tecnologia para evangelizar indígenas isolados na Amazônia

Investigação recente revelou que missionários evangélicos estão utilizando dispositivos eletrônicos movidos a energia solar para evangelizar povos indígenas isolados no Vale do Javari, região da Amazônia brasileira. Esses aparelhos, do tamanho de um celular, reproduzem mensagens de áudio com passagens bíblicas em português e espanhol, funcionando sem a necessidade de conexão à energia elétrica ou internet. Ao todo, foram identificados sete dispositivos na região habitada pelos Korubo, um dos povos isolados mais conhecidos do Brasil[1][3][4].

Essa estratégia viola a política oficial brasileira de “não contato”, que desde 1987 proíbe qualquer tipo de invasão e contato não autorizado com povos indígenas isolados para protegê-los contra riscos sanitários e culturais, inclusive a disseminação de doenças para as quais esses povos não têm imunidade. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) reconhece 29 povos isolados oficialmente, e o Vale do Javari abriga a maior concentração dessas comunidades no mundo[4].

Entre as organizações envolvidas está a In Touch Ministries, sediada nos Estados Unidos, que distribui esses dispositivos com mensagens religiosas. Embora eles afirmem não atuar em áreas proibidas, registros e testemunhos indicam que missionários entram e deixam esses aparelhos sem autorização governamental, inclusive construindo igrejas e promovendo encontros religiosos[2][4]. A Missão Novas Tribos do Brasil e Jovens com uma Missão (JOCUM) são algumas das entidades citadas na distribuição e na prática clandestina de evangelização na área[2][4].

Indígenas locais, como Mayá, matriarca Korubo, denunciam a invasão cultural que esses métodos representam. Ela expressou preocupação e resistência contra os missionários, destacando a ameaça que essas práticas representam para a preservação de sua cultura e autonomia. Líderes indígenas alertam que o proselitismo religioso pode empobrecer as tradições locais, desestruturando a vivência ancestral desses povos[2][5].

Além do impacto cultural, há o risco sanitário associado à entrada de agentes externos nesses territórios isolados. Dispositivos como drones também foram avistados na região, aumentando a tensão e o medo de invasões ilegais que podem levar a doenças e conflitos. Autoridades brasileiras vêm intensificando a fiscalização para impedir novas tentativas de contato, mas o desafio permanece significativo dada a extensão e o acesso difícil às áreas indígenas[4][5].

Essa situação reacende debates complexos sobre respeito à liberdade religiosa, direitos dos povos indígenas e dever do Estado na proteção dessas populações vulneráveis. Organizações e lideranças indígenas pedem maior rigor do governo para barrar toda forma de contato não autorizado e preservar a integridade cultural, social e biológica desses grupos ancestrais da Amazônia[3][2].

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