A Xiaomi está passando por uma transformação estratégica que pode impactar fortemente o mercado de smartphones. A empresa confirmou que deixará de usar o sistema Android com os serviços da Google em seus aparelhos futuros, apostando no desenvolvimento de um sistema próprio chamado HyperOS. Esse movimento acompanha um cenário de crescente tensão comercial entre China e Estados Unidos, que já levou outras fabricantes chinesas como a Huawei a criar alternativas a partir do Android Open Source Project (AOSP), para fugir da dependência dos serviços proprietários do Google[1][2][3].
O HyperOS da Xiaomi já está em fase avançada. Ele é baseado no AOSP, o que significa que na versão sem Google ele não terá acesso nativo à Google Play Store nem a outros serviços do Google como Gmail ou Google Maps. Esse tipo de sistema foi desenvolvido também pela Huawei com seu HarmonyOS, que funciona de forma independente do Android tradicional. A Xiaomi ainda disponibilizará versões com suporte parcial aos serviços Google em mercados onde a cooperação segue viável, mas prepara uma versão totalmente própria para garantir autonomia caso sanções comerciais impeçam o uso do ecossistema Google[2][3].
Outro passo importante na autonomia da Xiaomi será o lançamento do seu próprio chip, o Xring 01, previsto para 2025, que servirá para equipar o Xiaomi 15s Pro. Antes, a marca usava processadores Snapdragon da Qualcomm ou MediaTek, mas com seu chipset próprio, a empresa poderá controlar melhor hardware e software, otimizando a experiência e reduzindo a dependência de fornecedores estrangeiros[1].
No entanto, essa mudança traz desafios. A ausência da Google Play Store compromete o acesso a milhões de aplicativos populares, o que pode reduzir o apelo dos aparelhos fora do mercado chinês. Por isso, a iniciativa ainda está sendo desenvolvida como um backup estratégico para continuar a competir globalmente mesmo em um cenário adverso. A Xiaomi poderá também criar sua própria loja de aplicativos ou firmar parcerias para minimizar o impacto no usuário final[2][3].
Enquanto isso, a empresa lançou o HyperOS 3, atualização baseada no Android 16, que chega primeiro na China em outubro de 2025 e posteriormente para aparelhos globais, incluindo modelos vendidos no Brasil como o Xiaomi 15 Ultra, Redmi K80 Pro e POCO F7 Pro. O HyperOS promete uma interface mais leve, melhorias na fluidez, economia de bateria e integração mais robusta com dispositivos inteligentes, reforçando o compromisso da Xiaomi com inovação no software[5][6].
É importante também destacar que, em relação ao ciclo de vida dos smartphones, a Xiaomi já começou a encerrar o suporte a alguns modelos mais antigos, como o POCO F4 GT, Redmi 10A e Xiaomi 11i, que não receberão mais atualizações a partir de abril de 2025. Essa prática segue o padrão da indústria, mas reforça a necessidade dos usuários considerarem a longevidade ao adquirir um novo aparelho[4].
Em resumo, a Xiaomi busca construir um ecossistema tecnológico independente e competitivo, reduzindo sua dependência do Google e de fornecedores externos, com investimentos em seu próprio sistema operativo e chipset. Essa estratégia traz inovação e potencial para diversificar o mercado, mas também exige adaptação dos usuários diante das mudanças no acesso a aplicativos e serviços tradicionais. Acompanhar as atualizações oficiais e a chegada do HyperOS globalmente será fundamental para entender o impacto dessa transformação no dia a dia de usuários brasileiros e globais.
