A Xiaomi e outras fabricantes chinesas, como Oppo, Vivo e OnePlus, estão em estágio avançado de desenvolvimento de versões de seus smartphones que não dependem dos serviços da Google, especialmente os Google Mobile Services (GMS), incluindo a Play Store, Google Maps e Gmail. Essa movimentação ganha força devido a tensões comerciais entre China e Estados Unidos, que no passado impediram empresas chinesas, como a Huawei, de utilizarem o ecossistema Google em seus aparelhos. Como resposta, a Huawei criou seu próprio sistema operacional, o HarmonyOS, que atualmente possui mais de 1 bilhão de usuários ativos e cerca de 20 mil aplicativos dedicados. Inspirada nesse modelo, a Xiaomi trabalha no HyperOS 3, um sistema com base no Android Open Source Project (AOSP) que permite uma transição gradual para reduzir a dependência dos serviços do Google, mantendo compatibilidade parcial com apps Android padrão[1][2][4].
Essa estratégia não se limita ao desenvolvimento de um sistema operacional alternativo, mas envolve criar um ecossistema próprio de serviços móveis capazes de substituir as funções que, tradicionalmente, o Google fornecia. Isso inclui lojas de aplicativos, serviços de nuvem, mensagens e mapas, aspectos essenciais para a experiência do usuário. Embora ainda haja dúvidas sobre o nível de independência final a ser adotado — se haverá eliminação completa do Android ou apenas uma priorização dos serviços próprios sobre os da Google —, o movimento evidencia um esforço das fabricantes chinesas para garantir maior autonomia tecnológica diante das incertezas geopolíticas[1][2].
No caso da Xiaomi, o HyperOS 3 apresenta uma interface aperfeiçoada em relação ao Android puro e busca usar um sistema mais integrado aos seus dispositivos e serviços, similar ao que a Huawei conseguiu com o HarmonyOS. A MIUI, interface da Xiaomi, já possui recursos próprios, mas ainda depende fortemente dos serviços do Google para funcionar globalmente, especialmente fora da China. A perspectiva é que o processo avance para criar um ecossistema mais fechado e independente, facilitando a continuidade da operação internacional mesmo em caso de bloqueios ou sanções semelhantes àquela sofrida pela Huawei em 2019[4].
No cenário global, essa estratégia pode impactar profundamente o mercado de sistemas operacionais móveis, quebrando o atual monopólio do Android na sua versão Google e fomentando a concorrência entre diferentes ecossistemas baseados no Android Open Source Project, mas com serviços próprios. Tal fragmentação pode trazer desafios para desenvolvedores de aplicativos, que teriam que adaptar seus produtos para diferentes plataformas, e para consumidores, que poderiam enfrentar limitações no acesso a serviços tradicionais. Por outro lado, pode incentivar inovação e maior diversidade na oferta de smartphones, especialmente em países onde o controle sobre o uso dos serviços do Google é um fator decisivo[1][2][4].
Além desse panorama estratégico sobre sistemas operacionais, vale destacar que a Xiaomi continua se consolidando no mercado global pela oferta de celulares com excelente custo-benefício, combinando hardware avançado e preços competitivos, além de um ecossistema Mi que integra diversos dispositivos inteligentes, como smartwatches e aspiradores-robô. Seus modelos suportam recursos modernos, como eSIM, o que facilita a conectividade em viagens internacionais. No entanto, o suporte oficial e a velocidade de atualizações de software ainda são pontos que a marca vem aprimorando, especialmente fora da China[3][5].
Esse cenário demonstra uma transformação importante no mercado de smartphones, em que gigantes asiáticos buscam autonomia e independência tecnológica para enfrentar desafios comerciais e políticos internacionais, moldando o futuro do Android e do software móvel global.
