Durante muito tempo, os smartphones Xiaomi se destacaram por sua compatibilidade e flexibilidade em relação aos serviços do Google, tornando a experiência do usuário simples e integrada, especialmente para quem buscava um sistema Android completo com acesso à Google Play Store, Gmail, Google Maps e outros aplicativos essenciais. Essa facilidade se dava porque a Xiaomi utilizava versões do Android com os serviços móveis do Google (Google Mobile Services – GMS), garantindo o funcionamento pleno de aplicativos populares e acesso rápido às atualizações do ecossistema Google.
No entanto, uma combinação de fatores geopolíticos e estratégicos está levando a Xiaomi e outras fabricantes chinesas, como Oppo, Vivo, OnePlus e até a própria Huawei, a buscarem alternativas que reduzam a dependência dos serviços do Google. A principal motivação encontrada é a possibilidade de sanções semelhantes às impostas à Huawei nos últimos anos, que impediram o uso do Google Mobile Services em seus aparelhos, forçando a Huawei a desenvolver seu próprio sistema operacional, o HarmonyOS, baseado no Android Open Source Project (AOSP), porém sem a integração com os serviços Google[1][4].
A Xiaomi, acompanhando essa tendência, investe no HyperOS, uma sigla para um sistema operacional que pretende evoluir para algo menos dependente do Google, ainda que mantendo a base do Android para garantir compatibilidade com a vasta maioria dos aplicativos disponíveis para essa plataforma. Trata-se de uma estratégia de transição que evita o corte completo do Android puro, mas prioriza seus próprios serviços, como forma de mitigar riscos futuros e fortalecer um ecossistema mais autônomo[1][4].
Esse movimento ganha força com rumores de uma parceria entre Xiaomi, Huawei e o grupo BBK (que controla marcas como Oppo, Vivo e OnePlus) para monopolizar um ecossistema Android sem Google, criando uma versão global de Android que haja sem a Google Play Store, substituindo-a por alternativas proprietárias como AppGallery da Huawei ou lojas desenvolvidas pelas próprias fabricantes chinesas. Tal cenário representaria uma ruptura significativa no domínio do Google no mercado global de sistemas operacionais móveis, abrindo espaço para ecossistemas concorrentes e fortalecendo a independência tecnológica dessas companhias[2].
Na prática, para os usuários, essa transição pode significar celulares Xiaomi com sistema operacional baseado em Android, mas com menos integração aos serviços Google, o que impactaria o acesso direto a apps populares ou atualizações pelo Google Play. Dependendo do modelo e do mercado, isso exige adaptação e uso de lojas alternativas, além de maior dependência das soluções próprias da Xiaomi, que vem desenvolvendo seus serviços para suprir essas necessidades. Para muitos consumidores, especialmente os mais conectados ao ecossistema Google, essa mudança pode trazer desafios de adaptação; já para a Xiaomi, o objetivo é garantir mais controle sobre software e evitar riscos internacionais que prejudiquem a experiência do usuário internamente e no mercado global[1][4].
Além dessa perspectiva técnica, a Xiaomi se destaca no mercado por oferecer aparelhos com excelente custo-benefício, ampla gama de modelos e integrações com seu ecossistema Mi, que inclui smartwatches, fones e dispositivos de casa inteligente. Contudo, sua interface MIUI, altamente customizada e repleta de recursos, pode não agradar a todos, e a questão das atualizações de software e suporte ainda é um ponto a ser aprimorado, especialmente para modelos importados[3][6].
Em resumo, a facilidade que a Xiaomi oferecia no passado com aparelhos totalmente integrados aos serviços do Google está se transformando diante de uma conjuntura internacional e corporativa que impulsiona o desenvolvimento de sistemas operacionais próprios e a redução da dependência do Google. Embora essa transição seja gradual e ainda inexplorada em sua totalidade, ela reflete uma tendência significativa no mercado global de smartphones e pode redefinir a forma como consumidores acessam aplicativos e serviços móveis nos próximos anos[1][2][4].
